31 de out. de 2011

3º Encontro Transdisciplinar de História e Comunicação

3º Encontro Transdisciplinar de História e Comunicação

Tema: História Cultural e Semiótica da Cultura
Datas: 16, 17 e 18 de novembro

Dia: 16/ NOVEMBRO
Local: PUC SP
Rua Monte Alegre, 984
Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100
Horário: 10h00 – 12h00

ABERTURA

(10h00 – 12h00)


• Prof. Amálio Pinheiro
Líder do grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem

É doutor em Comunicação e Semiótica pela PUCSP. Investiga as relações entre as áreas de literatura, comunicação e cultura na América Latina. Tem produzido ensaios e traduções comentadas de autores hispânicos, da América Latina e do Caribe. Desenvolve investigações sobre as relações entre a memória cultural, as artes e as ciências não clássicas, com ênfase nas conexões e ramificações entre voz, poema, corpo e séries culturais. Publicou, entre outros, "Aquém da identidade e da oposição. Formas na cultura mestiça", 1995 , "Nicolás Guillén: Motivos de son", 1991 e “Sobre os Anjos”, tradução de Rafael Alberti, 1993.

Profa. Dra. Yvone Dias Avelino
Líder do grupo do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade/ NEHSC

Possui graduação em Ciências Humanas (História) pela USP (1959), mestrado em História Social pela USP (1970), doutorado em História Econômica pela USP (1973), é Titular no Departamento de História da PUC-SP, onde atua como Docente desde 1971. Integra as Comissões Consultivas e Editorias das seguintes Revistas: Oralidades - Revista de História Oral (USP); Práxis - Revista Eletrônica de História e Educação (Universidade Jorge Amado - Salvador); Projeto História (PUC-SP); Aurora - Revista Eletrônica de Arte, Mídia e Política (PUC-SP). Tem experiência na área de História, com ênfase em História da América, atuando principalmente nos seguintes temas: Cidade, Cultura, História, Memória e Literatura. É chefe do Departamento de História da PUC-SP na Gestão 2009-2011 e editora da Revista Cordis - Revista Eletrônica de História Social da Cidade (www.pucsp.br/revistacordis).

Dia: 16/ NOVEMBRO

Local: PUC SP
Rua Monte Alegre, 984
Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100
Horário: 14h00 – 17h30


MESA COM PALESTRANTES CONVIDADOS


TEMA: Diálogos entre teorias da MESTIÇAGEM
Coordenação: Mila Goudet
(14h00 – 17h30)
FLOR AMOROSA DE TRÊS RAÇAS TRISTES: O MITO DAS TRÊS RAÇAS
Autor: Dr. Alberto Luiz Schneider
Contato: alberto.is@uol.com.br


Compreender a interpretação do Brasil contida no pensamento de Silvio Romero (1851-1914). Seu livro mais importante, a História da literatura brasileira – obra em quatro volumes, publicada em 1888 – é mais do que uma história eminentemente literária; é, antes, um esforço sociológico, onde o tema em questão não é apenas o corpus literário do país, mas a própria nação. Trata-se de uma obra destinada a produzir uma teoria do Brasil, na medida que apresenta a sociedade e a cultura brasileiras como inexoravelmente mestiças e fundadas a partir das três raças, embora devesse prevalecer um país embranquecido e culturalmente ocidentalizado.

Essa imagem mestiça do país foi formulada em meio a teorias científico-evolucionistas eivadas de pressupostos raciais eurocêntricos. A construção de uma imagem romântica do Brasil – pois Romero via na mestiçagem a essência nacional, fundada no povo – mesmo que com roupagem cientificista, afetou e orientou a interpretação que o autor faria do país, da literatura à cultura popular, da imigração européia ao acalentado ideal de progresso e modernidade. A partir de sua teoria do Brasil, Silvio Romero interpretou tanto a obra literária de Machado de Assis, quanto a imigração alemã no Sul do país, temas absolutamente díspares. O que une uma coisa e outra no conjunto da obra romeriana é a busca por uma noção de brasilidade, à qual tanto Machado de Assis, po r supostamente evitar os grandes temas brasileiros, quantos os imigrantes alemães, por resistiram à imigração, estariam negando-se. Certos aspectos da teoria do Brasil, como a busca pela autenticidade brasileira na cultura popular ou a percepção do país como herdeiro da mestiçagem entre as três raças reaparecem, embora modificados, com o mesmo sentido nacionalista, em autores identificados com a renovação estética, cultural e histórica dos anos vinte e trinta, como Mário de Andrade e Gilberto Freyre.


Alberto Luiz Schneider possui graduação em História pela UFPR (1997), mestrado em História pela PUC-SP (2000), doutorado em História pela UNICAMP (2005) e pós-doutorando no departamento de História da Universidade de São Paulo, sob supervisão da Profa. Dra. Laura de Mello e Souza. Foi Visiting Associate Professor no Departamento de Estudos Luso-Brasileiros da Tokyo University of Foreign Studies (2004-2007) e tem pós-Doutorado no Kings College London (2008). Área de atuação: Historiografia e História do Império português; teoria da história e historiografia Brasileira; tendo desenvolvido estudos sobre mestiçagens, identidades, Sílvio Romero, Gilberto Freyre, imigrações, nacionalismos. Atualmente pesquisa a obra do historiador inglês Charles Boxer, sob a perspectiva dos novos debates em torno do Império Português.

LUIS GONZAGA:MÚSICA E MESTIÇAGEM

Autor: Jurema Mascarenhas Paes
Contato: juremapaes@uol.com.br

Jurema é cantora  e doutora em História Social pela PUCSP e membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: barroco e mestiçagem.
A música, assim como os outros objetos da cultura que se desenvolveram no Brasil, possui um caráter mestiço, e a música de Luiz Gonzaga, personagem central desta pesquisa, não poderia ser entendida de forma diferente ou fora desse raciocínio. A mestiçagem cultural questiona conceitos e instituições trazidos de outras tradições, especialmente a racionalista européia.Perceber o caráter mestiço da música de Gonzaga é atentar para o processo histórico-cultural da formação dessa música, para os movimentos de junção, atritos e mesclas das linguagens, e não apenas para os elementos que a constituíram. É atentar para a dinâmica, a relação, as conexões entre as forças, as estratégias que estiveram subjacentes às características estéticas e simbólicas dos discursos construídos. Esse potencial híbrido e mestiço, às vezes questionador e caótico, às vezes apaziguador e cordial, está presente em muitas manifestações culturais na América Latina e também na música.

MESTIÇAGEM E SEMIÓTICA DA CULTURA COMO INSTRUMENTO PARA A INVESTIGAÇÃO DOS GIBIS ESTADUNIDENSES DE SUPER-HERÓIS.

Autor: Luís Fernando dos Reis PEREIRA

Luis Fernando é escritor, Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem.
A mestiçagem, como elaboração conceitual própria da América Ibérica, deve ser traduzida e desdobrada para investigar diferentes contextos culturais, assim como toda teoria estrangeira requer traduções e aproximações para ser aplicada a diferentes situações, histórica e socialmente localizadas. Dessa forma, as dinâmicas mestiças, em perspectiva, podem nos ajudar a compreender elaborações de outros ambientes culturais, com suas tendências e estruturas próprias. A semiótica da cultura, da mesma forma, também requer tais reelaborações para aplicação relevante aos ambientes sígnicos e de linguagem diversos daqueles, russos, nos quais foram inicialmente elaborados. Ao investigarmos os gibis de super-heróis estadunideneses procuramos, justamente, tais balanços e acomodações tradutórias.



REPENSAR A MESTIÇAGEM PARA PENSAR O DESENVOLVIMENTO DO NEGRO
Autor: Dr. Bas’Ilele Malomalo

Contato: bmalomalo@yahoo.com.br

Pretende-se nessa comunicação apresentar as duas matrizes intelectuais brasileiras que têm dominado o debate sobre a temática racial no período de 1995-2010. O recorte histórico indicado se fundamenta na investigação feita pelo autor durante a defesa da sua tese de doutorado em sociologia. O que se percebeu é que o conceito de mestiçagem é imprescindível tanto para os ativistas sociais, os intelectuais e políticos que trabalham com as políticas públicas de inclusão dos grupos tidos como “minorias étnicas”: não se pode falar do desenvolvimento nacional sem olhar as questões em torno da identidade nacional marcada pela mestiçagem. Foi no primeiro mandato do FHC (1995-1998) que os movimentos sociais e intelectuais negros e simpatizantes da causa negra começaram a pressionar o Estado brasileiro para implementar políticas de ações afirmativas e de cotas; e foi nos dois mandatos do governo Lula (2003-2010) que se criou uma secretaria com funções de ministério para canalizar essas demandas. Fora deste primeiro grupo, paralelamente, delineava-se o segundo que nega as propostas de inclusão feitas pelo grupo anterior. Luciana Jaccoud interpreta a diferença dos dois grupos a partir das matrizes teóricas que fundamentam suas ações: o primeiro se pauta no paradigma da igualdade racial cujo Florestan Fernandes seria o intelectual emblemático; já o segundo se inspira do paradigma da democracia racial de filiação freyriana. Nesse combate, são os paradigmas científicos sobre a mestiçagem que determinam as concepções de cada grupo e da sociedade brasileira sobre as políticas públicas do multiculturalismo. A diferença que o autor dessa comunicação introduz é que vê a mestiçagem dos neo-freyrianos como uma mestiçagem colonialista enquanto retórica que busca domesticar o negro. É o que Fernandes chamou de mito da democracia racial; e Marcelo Paixão denominou de lenda da modernidade encantada. A concepção da mestiçagem dos neo-fernandianos tornaria-se uma mestiçagem emancipatória no sentido de Boaventura de Souza Santos, enquanto seus inventores não se limitassem a essencializar a política racial, como bem tem alertado Stuart Hall, e se dispusessem a dialogar com as epistemologias conjuntivas e da complexidade, com a razão cosmopolita da sociologia das emergências de Boaventura de Souza Santos sem abrir mão do seu projeto de sociedade. O autor desse trabalho almeja focar também em duas políticas públicas para refletir de forma concreta sobre a politização da mestiçagem: as políticas de cotas em universidades públicas e o Programa Universidades para Todos (ProUni) são tratados como políticas híbridas do pensamento e da política da complexidade que tencionam para a possibilidade de se pensar o desenvolvimento da nação brasileira e da população negra para além dos limites dois paradigmas existentes.

Bas’Ilele Malomalo possui graduação em Curso Superior de Filosofia pelo Philosophicum Grand Séminaire François Xavier (RDCongo) (1995), graduação em Teologia pelo ITESP (2002), mestrado em Ciências da Religião - área de concentraçao Ciências Sociais e Religiao - pela UMESP (2005) e doutor em Sociologia pela UNESP (2010). Atualmente é professor no curso de História da UNICASTELO e coordenador do curso de Especialização em História da África e do Negro no Brasil; fundador e membro da Diretória Executiva do Instituto do Desenvolvimento da Diáspora Africana no Brasil (IDDAB); pesquisador do Centro dos Estudos das Culturas e Línguas Africanas e da Diáspora Negra (CLADIN-UNESP) e do Harriet Tubman Institute for Research on the Global Migrations of African Peoples (York University, Toronto). Tem desenvolvido estudos sobre os temas de sociologias das relaçoes raciais, multiculturalismo, desenvolvimento, politica públicas de ações afirmativas, religião, ensino da história e cultura africana e afro-brasileira.



Dia: 17/ NOVEMBRO

Local: Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100


Grupos de Trabalho
Horário: 9h00 – 12h00

GT 01 CULTURA, CIDADE E IMAGINÁRIOS



Coordenador: Luis Fernando dos Reis Pereira
Contato: lfreispereira@gmail.com


Este GT apresenta pesquisas que se relacionam com o universo das culturas e imaginários das cidades. Entende-se cultura como uma categoria móvel, que se reconstrói e transforma no cotidiano, possibilitando o desenvolvimento de conurbações dentro de uma mesma cidade e de inúmeros imaginários individuais e coletivos.

Sessão 01 (9h00 às 10h30)

O ICONOSTASIS PAULISTANO: MEDIAÇÃO CULTURAL DAS IGREJAS ORIENTAIS NA METRÓPOLE
Autor: Felipe Beltran KATZ (Mestrando em História Social da PUC-SP).

SÃO JORGE DOS ILHÉUS E SÃO SALVADOR DA BAHIA DE TODOS OS SANTOS: CIDADES MIDIÁTICAS DE JORGE AMADO E A REPRESENTAÇÃO DO COTIDIANO NO IMAGINÁRIO
Autor: Dirceu Martins ALVES (Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Professor Adjunto do Curso de Comunicação Social da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/ Ilhéus e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).

UMA CIDADE (IN)CIVILIZADA: ELITE, POVO COMUM E VIVER URBANO EM CAMPO GRANDE (DÉCADAS DE 1960-70)
Autor: Nataniél Dal MORO (PUC-SP, doutorando em História e Membro do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade/ NEHSC).

A CIDADE E OS DOCUMENTÁRIOS IPESIANOS: QUANDO COMO E ONDE IMPORTAM
Autora: Danielle GASPAR (Docente em Pesquisa Científica na Escola Brasileira Israelita Chaim Nachman Bialik, Mestranda em Comunicação e Semiótica PUC-SP/ Bolsista CNPq e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).


Sessão 02 (10h30 ao 12h00)

LENDAS E EXPRESSÕES POPULARES NO UNIVERSO DA FOLKCOMUNICAÇÃO EM MINAS GERAIS
Autora: Neide Aparecida MARINHO (Doutoranda em Comunicação e Semiótica – PUC/SP, Mestre em Arte e Tecnologia da Imagem - UnB/DF).

OS SOTAQUES CORPO EM MOVIMENTO – UM PROCESSO DE TRADUÇÃO EM TRÂNSITO ENTRE AS ESPACIALIDADES DO CORPO E DO AMBIENTE
Autora: Lisani Albertini de SOUZA (Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).


A IMAGEM DO ÍNDIO NA CÂMERA DO VÍDEO
Autor: Orlando GARCIA (Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP e Membro do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).

CÓDIGO E LINGUAGEM NA DANÇA DE SALÃO

Autor: Vagner Rodrigues (Doutorando em Comunicação e Semiótica pela PUCSP e Membro do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).




Dia: 17/ NOVEMBRO Local: Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100
Horário: 14h00 – 17h00



GT 02 CULTURA, MESTIÇAGEM E AMBIENTES MIDIÁTICOS
Coordenadora: Mila Goudet
contato: milagoudet@gmail.com

Este GT acolhe produções que revelem conexões mestiças de regiões, territórios, locais ou localidades com ambientes midiáticos. Tais ambientes são o lugar de mediação entre as mestiçagens culturais e as mídias. Trata-se aqui de observar o lugar tradutório entre as séries culturais (seus códigos e linguagens), os ambientes midiáticos, as diversas mídias e os processos comunicacionais.

• Sessão 03 (14h00 às 15h30)


O QUE MEDIA O CORPO QUE DANÇA: TENSÕES ENTRE O LOCAL E O GLOBAL DOS VIDEODANÇAS PRODUZIDOS NA CIDADE DE FORTALEZA (CE)
Autora: Liliane LUZ (Mestranda em Comunicação e Semiótica da PUC-SP).

MESTIÇAGENS PELAS ONDAS SONORAS: A INSCRIÇÃO DO RÁDIO NA CULTURA MESTIÇA DO PANTANAL
Autora: Rosiney Isabel BIGATÃO (Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/ SP, e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem, Arquiteta e Urbanista graduada pelo CESUP, Campo Grande, MS).

O JOGRAL É JORNAL: DEVORAÇÕES DAS/NAS “ACONTECÊNCIAS” DE ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Autor: Hiran de Moura POSSAS (Doutorando em Comunicação e Semiótica - PUC/SP e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).

FLUXOS EM TRÂNSITO: O TELEFONE CELULAR E SUAS TRADUÇÕES NO TRANSPORTE PÚBLICO DE SÃO PAULO EM APAGÕES DE DESLOCAMENTO URBANO
Autora: Elaine Souza Resende SKLORZ (Doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC SP – bolsista integral CNPq, Jornalista com especialização e mestrado em Educação e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).


• Sessão 04 (15h30 às 17h00)

FORMAÇÕES MUSICAIS ACÚSTICAS E TECNOLÓGICAS NA AMAZÔNIA
Autora: Marlise BORGES (Doutoranda em Comunicação e Semiótica/ Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP).

SUPER-HERÓIS: AS ESFERAS ÉPICAS E OS ESPAÇOS COTIDIANOS
Autor: Luís Fernando dos Reis PEREIRA (Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).

A AMÉRICA LATINA NO DISCURSO DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL: UM QUESTIONAMENTO SOBRE O PAPEL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO COMO AGENTES DE MUDANÇA
Autora: Maria Lucia de Paiva JACOBINI (Economista, jornalista, especialista em Jornalismo Científico pelo Labjor/Unicamp, mestre e doutoranda com bolsa CNPq do curso de Comunicação e Semiótica da PUC/SP e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).

A QUESTÃO DA ESCUTA NO ESPAÇO URBANO
Autora: Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva (Doutoranda e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC, autora do livro: Rádio - A Oralidade Mediatizada publicado pela Annablume, docente do Curso de Comunicação Social da Unisa e do Centro Universitário Fecap de São Paulo, pesquisadora do Grupo Comunicação e Cultura do Ouvir da Faculdade Cásper Líbero).

Dia: 18/ NOVEMBRO

Local: Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100 A (*)


Horário: 9h00 – 12h00
(*) Apenas no dia 18 de novembro, o evento ocorrerá na Sala 100 A.

GT 03 CULTURA, PRÁTICAS NARRATIVAS E HISTÓRIA

Coordenador: Nataniél Dal Moro
Contato: natanieldalmoro@bol.com.br

Este GT reúne trabalhos que abordem conceitos sobre as linguagens e suas funções no campo da Comunicação e da História. A literatura tem contribuído para se pensar a comunicação e a história como processo via práticas narrativas. Dessa maneira, o GT propõe-se a apresentar pesquisas, concluídas ou em desenvolvimento, que se utilizam de fontes literárias e de outras formas de expressão para desdobrar reflexões a respeito das práticas culturais.


• Sessão 05 (9h00 às 10h30)

“HÁ FLORES EM TUDO QUE EU VEJO” - A REPRESENTAÇÃO DA FLOR REALIZADA PELA JUVENTUDE ROQUEIRA DOS ANOS 80
Autor: Gustavo dos Santos PRADO (Graduado em História pela e Mestrando em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/ Bolsista CNPq).

ALMA DOS CAMINHOS – HISTÓRIA DO TROPEIRISMO NO ALTO SERTÃO BAIANO
Autora: Jurema Mascaranhas Paes (Doutora em História das Culturas (PUC/SP), Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem e do Núcleo de estudos de História Social da cidade).

A CRÍTICA SOCIAL NA OBRA DE RAUL SEIXAS
Autora: Cibele Simões Ferreira Kerr JORGE (Aluna do programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica de Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/ Bolsista CNPQ e Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie).

• Sessão 06 (10h30 ao 12h00)

OS AMBIENTES MIDIÁTICOS PROPAGANDO A CULTURA MESTIÇA DO MATO GROSSO DO SUL
Autores: Ednaldo de Souza ROCHA (Graduado em Produção Multimídia pela UNIDERP/Anhanguera e Pós-Graduado em Produção Audiovisual–Estéticas Contemporâneas pela UCDB/ Campo Grande) e Gicelma da Fonseca Torchi-CHACAROSQUI (Docente da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras/FACALE/UFGD).

O CINEMA COMO EXPRESSÃO DE PRÁTICAS CULTURAIS: AS VIVÊNCIAS NO PÓS-SEGUNDA GUERRA NO FILME LADRÕES DE BICICLETA (LADRI DI BICICLETI) DE VITTORIO DE SICA
Autor: Marcelo FLÓRIO (Professor da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), Pós-Doutor em História (PUC/SP), Doutor em Ciências Sociais (PUC/SP), Mestre em História do Brasil (PUC/SP), Graduado em História (PUC/SP).

UM "NOVO” CINEMA E UM “NOVO” CORPO: ESTATUTOS DO TERATOLÓGICO EM FILMES FANTÁSTICOS
Autor: Adriano Messias de OLIVEIRA (Doutorando em Comunicação e Semiótica (PUC-SP/ bolsista FAPESP, mestre em Comunicação e Sociabilidade (UFMG), graduado em Jornalismo e em Letras).

Dia: 18/ NOVEMBRO

Local: Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100 A (*)


Horário: 14h00 – 17h00
(*) Apenas no dia 18 de novembro, o evento ocorrerá na Sala 100 A.


GT 04_ CULTURA, PRÁTICAS NARRATIVAS E HISTÓRIA

Coordenador(a): Jurema Mascarenhas Paes
Contato: juremapaes@terra.com.br

Este GT reúne trabalhos que abordem conceitos sobre as linguagens e suas funções no campo da Comunicação e da História. A literatura tem contribuído para se pensar a comunicação e a história como processo via práticas narrativas. Dessa maneira, o GT propõe-se a apresentar pesquisas, concluídas ou em desenvolvimento, que se utilizam de fontes literárias e de outras formas de expressão para desdobrar reflexões a respeito das práticas culturais.

• Sessão 07 (14h00 às 15h30)

ODIN E THOR: A BRIGA MITOLÓGICA COM UM FUNDO SOCIAL
Autor: Munir Lutfe AYOUB (Mestrando PUC - São Paulo/ Formação em História).

CAFÉ QUENTE EM NOITE FRIA: ATUALIZAÇÕES TEMPORAIS E ESPACIAIS DO TEATRO JORNAL NO BRASIL
Autor: Anderson ZOTESSO (Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Agente Cultural da Prefeitura de Hortolândia, Formador do Programa nas Ondas do Rádio da Prefeitura de São Paulo e Coordenador do Gato Coletivo Artístico).

A AMÉRICA LATINA SEGUNDO A IMAGEM: DESLIZAMENTOS LITERÁRIOS NA HISTÓRIA
Autora: Mylene GOUDET (Mila Goudet) - Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, professora titular na UNIP e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem.

IMIGRAÇÃO PALESTINA EM SÃO PAULO:Uma saga de sobrevivência e influência.

Autor: AILTON JOSÉ DO AMARAL
Mestrando em História Social pela PUC SP
ailton@ramosamaral.com.br


• Sessão 08 (15h30 às 17h00)

MONTAGEM FOTOJORNALÍSTICA E DISCURSOS DE PODER
Autora: Laís Santoyo LOPES (Mestranda do programa de Comunicação e Semiótica da PUC/SP e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).

JORGE LUIS BORGES E OS PARADOXOS DOS INTELECTUAIS LATINO-AMERICANOS: UMA LEITURA DESDE A ANÁLISE CRÍTICA DE BEATRIZ SARLO
Autora: Silvia CÁCERES (Doutoranda do PPGHIS/ UFRJ).

FESTAS RELIGIOSAS E CORTEJOS NA BAHIA DOS SÉCULOS XIX E XX: AMBIENTES MIDIÁTICOS
Autora: Zélia Jesus de LIMA (Doutouranda em História/ PUC-SP e Professora Titular da Universidade Católica de Salvador).

“EL TORO CANDIL” COMO ASPECTO DA CULTURA E DAS MESTIÇAGENS SUL-MATO-GROSSENSES
Autora: Gicelma da Fonseca Torchi-CHACAROSQUI (Docente da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras/FACALE/UFGD e Membro do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem).


Cordialmente,
A Organização do evento

Comitê Científico e Equipe Técnica:

Prof. Dr. Amálio Pinheiro, Prof. Dra. Yvone Dias Avelino, Silvia Regina de Jesus, Jurema Mascarenhas Paes, Laís Lopes, Danielle Gaspar, Orlando Garcia, Mila Goudet, Carlos O. Lopes e Nataniél Dal Moro.

27 de out. de 2011

Seminário “Crisis y revoluciones posibles” organizado pela Universidade Nômade, Espanha, La Tabacalera, 7/10/2011

Seminário “Crisis y revoluciones posibles”
organizado pela Universidade Nômade, Espanha, La Tabacalera, 7/10/2011

Conclusões de Toni Negri

Filme em http://blogs.latabacalera.net/tabacanal/2011/10/16/antonio-negri-y-michael-hardt-conclusiones/ (fala transcrita e traduzida)

Michael Hardt: Raras vezes, quando se viaja para conferências, aprende-se alguma coisa. Dessa vez foi diferente. Há duas coisas que queria comentar: primeiro que, em muitas das intervenções, viu-se muita preocupação com o fracasso ou o sucesso das manifestações. Pode-se dizer que, sim, o sucesso confirmou-se, no processo de politização das pessoas, que me parece essencial. É difícil, nem sei se é útil e, de qualquer modo, ainda é cedo para falar de sucessos e fracassos. Outra coisa que queria destacar é o desejo de testar novas formas de instituição, a relação, digamos, com uma nova democracia, o desejo de não se institucionalizar de maneira burocrática, tradicional. Tenho de pensar mais, mas, sim, tudo isso foi muito rico, muito interessante.

Toni Negri: Permitam-me que repita coisas que já dissemos. E agradeço a todos. Michael e eu já estamos trabalhando, há alguns anos, num projeto de constituição, agora, já. O que me impressiona é a coincidência de pontos. Gostaria muito que se fizesse um resumo do que foi dito aqui, para podermos relacioná-lo com um esquema teórico, não que se sobrepõe, mas que compõe o que foi dito aqui. A teoria não determina a prática, mas há muitas relações, como o sabem bem os muitos spinozistas que há aqui [risos]. Essa a história das constituições, que parece sempre muito abstrata, mas é sempre muito concreta. Uma companheira recordou aqui que, desde a Magna Carta, que regulava direitos e liberdades, já estava associada a outra constituição, sobre o uso dos bosques. Isso se está redescobrindo hoje: buscam-se novos direitos, essa abertura que vocês estão experimentando, essa coisa verdadeiramente nova, vivemos hoje a abertura da praça. A redescoberta do estar-junto conecta-se a algo de novo. São coisas completamente novas.

Alguém falou de Cochabamba, das comunas. O que é o comum? Algo que não é o privado nem é o público. Como se constitui o comum? Como se institucionaliza o comum? Como se torna algo de todos, de maneira contínua, permanente, sistemática? Acho que essas demandas já estão dentro dos discursos de vocês.
Hoje se trata de imaginar um contrapoder, que não significa opor-se a um poder de maneira simétrica. Significa impor a assimetria ao confronto, uma assimetria que tem de ser imposta ao privado, com os direitos do comum, de um comum construído, contra o privado, isto é, contra a exploração, o endividamento, a alienação, a mediatização, o encarceramento, o empobrecimento, o desclassamento, e tudo que hoje essa sociedade produz.
Tive a sorte de estar em Sevilha durante a acampada de 15 de maio. O que mais impressionava foi o quanto o movimento 15M preencheu um vazio político, que aconteceu quase como milagrosamente. Esse vazio político há em todas as constituições ocidentais hoje. Desse ponto de vista, tem razão o companheiro colombiano, que disse que vocês devem entender que isso que estamos fazendo tem correspondências com o que já se vem fazendo nos vinte anos passados na América Latina, que não resolveu todos os problemas, sim. Mas não há dúvidas de que o que hoje se vê pelo mundo tem correspondências com a experiência argentina, boliviana, e a grande experiência brasileira, de transformação do movimento operário de Lula, e com grande força de governo, são, todas, grandíssimas experiências de novas gestões do comum e de transformação radical das constituições, sobretudo evidentemente das constituições coloniais. E vivemos também um processo de transformação das constituições democráticas. Das constituições que nos foram ensinadas no século 18. Acabou esse período de domínio da burguesia. E também da propriedade privada. Acabou. O que digo a vocês é, avancem na construção do comum.
Foi belíssima a intervenção da companheira, de Barcelona, eu acho, que falava dessa espécie de ‘novo clima’, que não tem forma, que não se encontra pronto, que se vai construindo na consciência, nessa direta, imediata transformação da linguagem, imediata transformação, da paixão, um estar-junto que não é um estar-junto amoroso, ou erótico, mas é algo profundamente, amorosamente, construtivo, algo que chamamos “criacionista”, é algo de inovação, profundamente materialista.
Outra relação que me parece interessantíssima, que também se viu nas discussões, é a relação entre o pequeno e o grande. A reconquista, por exemplo, de pontos de enraizamento na cidade, na praça, nas vilas. É extremamente importante, porque são momentos de adesão central, mas que se exprime como uma representação que não é mais a representação do poder que tolhe. Porque a representação, na belíssima definição de Karl Schmitt, grandíssimo fascista, mas realista, que diz que “a representação é a ausência”. É a representação burguesa: a presença da ausência.

Como se faz para transformar uma ausência em uma presença? Essa questão é fundamental: a reapropriação da representação. Como se faz, para nos reapropriarmos da ausência?

Na Itália, nos anos 60, 70, nos reapropriamos de tudo de que nos podíamos reapropriar com as mãos. Como se faz para nos reapropriar com a cabeça, com o cérebro, com a vontade, com a inteligência? Isso é fundamental. Como se faz para nos reapropriar dessa representação por ausência, que, de fato, está repleta de propriedade privada, de comandos ditatoriais, de comandos completamente externos, disciplinares, de controles, que vêm de fora? Como se faz para reinventar a autonomia? Por que a autonomia não está dada. Temos de construí-la. Tensão é sempre entre a autonomia e o comum. É sempre um par: de um lado a autonomia, de outro lado o comum. E não se confundem: uma constrói o outro e um constrói a outra. O pequeno comum, que tem de ter uma presença e, do outro lado o wellfare que temos de construir de ponta a ponta.
A grande diferença entre o que se vê aqui e o que se vê na Itália, é que na Itália ainda sobrevivem os grupos. O movimento ainda não deu o salto, para uma ordem não liderística, não estruturada, com programa que nasça de modo autônomo; na Itália, ainda são burocráticos. Não sei de vocês, mas não sou otimista. Não entendo essa ideia de que, com a vitória da direita, o movimento passará a ser di se e per se, mais forte. Não acredito nisso, porque acho que o enfrentamento faz muito mal, e há muitas provas disso, não só na Itália, de extremismos que não fazem bem a ninguém, sobretudo não fazem bem a nós mesmos. O enfrentamento de forças não levará a mudança pacífica. É algo que temos de evitar, se for possível. Muito obrigado.
Postado por Damien Kraus

17 de out. de 2011

ENTREVISTA COM MADAME SATÃ

Grandes entrevistas históricas

Madame Satã


Entrevistado por Sergio Cabral, Paulo Francis, Millôr Fernandes, Chico Júnior, Paulo Garcez, Jaguar e Fortuna, para O Pasquim, de 05/05/1971, e republicada no livro ALTMAN, Fábio. A arte da entrevista. São Paulo: Scritta, 1995.

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A personagem da entrevista desta semana era lenda no meu tempo de menino em Botafogo. Uma espécie de gunfighter da Lapa, fechando bares e enfrentando as terríveis Polícia Especial e D.G.I. (Departamento Geral de Investigações), que enchiam de pavor quem andasse nas ruas, coisa que os garotos da época, na maioria, faziam. E havia o paradoxo aparente de homossexualismo de Madame Satã. Aparente, sim, porque e Julio César, Alexandre o Grande, ou, próximo de nós, Heydrich e Goering? Pensar que violência é característica heterossexual não passa de balela primitiva.

Satã nos impressionou bastante, porque é um tipo completamente fora do nosso âmbito de experiência. Todos nós duvidamos de tudo, inclusive de nós mesmos. Convertemos nossos superegos em catedrais em que nos ajoelha­mos e pedimos perdão a nós mesmos, sem resultado. Satã tem certeza das coisas que faz. Eu disse, na entrevista, que ele me parece literatura, à parte mais sofisticado e legítimo do que Jean Genet (o que Sartre escreveria sobre ele, fico pensando). Não esconde o jogo. Se aceita como é. Há coisa mais dificil? Pra nós (um mítico nós e todos, bem entendido, mas os incluídos se reconhecerão) impossível.

Eu diria mais: que Satã representa a verdadeira contracultura brasileira, que essa que aí está, apesar de seus valores intrínsecos e universais, nos foi imposta de fora pra dentro, o que às vezes é bom, outras, não. Já Satã emergiu deste asfalto, deste clima, deste ragu cultural brasileiro, que tentamos negar inutilmente, mas que, tal qual o rio do poema de Eliot, é um deus primitivo, capaz de adormecer, apenas e sempre vivo, vingativo e traiçoeiro. A sociedade urbana, de consumo, aqui, é puro verniz, descascando visivelmente. Outras forças, suprimidas, estão aí, poderosamente latentes, acumulando impacto.

A inocência de Satã das coisas da moda elitista, de modelos de raciocínio, é completa. Mas nenhum de nós se sentiu tentado a ironizá-lo. Não por medo. Ele é bem mais educado do que a maioria dos grã-finos que conheço (um bom número, acrescento). Foi por respeito. Sentimos uma personalidade realizada. Quantos de nós podem dizer a mesma coisa? Nesse mundinho de classe média pra cima, que muita gente boa (tradução poderosa) imagina ser o Brasil, e que é, no duro, uma ínfima e arrogante minoria, pouco existe de igual em termos de tipo. Quem vai prevalecer? Não percam o próximo e emocionante capítulo.

(Paulo Francis)

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Sérgio - Quantos anos você esteve preso?

Ao todo eu tirei 27 anos e oito meses.

Sérgio – E há quantos anos você está liberdade

Há seis anos. Saí no dia 3 de maio, há seis anos.


Sérgio – Mas você continua morando na Ilha Grande.

Continuo morando na Ilha Grande porque eu achei que é um lugar onde eu posso viver mais sossegado, mais descansado das perseguições da polícia e mesmo da vida agitada que eu levava.

Millôr - Que idade você tem?

Tenho 71 anos de idade.

Sérgio - Com essa cara?! É verdade que você tem mãe viva, ainda?

Tenho sim, está com 103 anos e mora no interior de Pernambuco.

Millôr - Você é pernambucano?

Sou.

Millôr - Você está no Rio há quantos anos?

Eu cheguei no Rio em 1907 e fui morar na rua Moraes e Vale, 27, ali no largo da Lapa.

Millôr - E que profissão você exercia?

Eu sempre fui cozinheiro. Até 1923 eu fui cozinheiro. Em 1924 eu ingressei na Casa de Caboclo.

Millôr - Que nível de instrução você tem?

Sou analfabeto de pai e mãe.

Millôr - Pelos seus amigos você é chamado como? De Madame Satã ou é chamado pelo seu próprio nome?

De Satã.

Millôr - Como é seu nome todo?

Meu nome todo é João Francisco dos Santos, sou filho de Manoel Francisco dos Santos e Firmina Teresa da Conceição.

Millôr - Você tem consciência de que você é uma figura mitológica no Rio de Janeiro?

É o que diz a sociedade, não é? Só que tem que eu sou anti-social.

Millôr - Você sabe que nós aqui fazemos um jornal que é marginal. De modo que o fato de você ter uma vida um pouco à margem da sociedade só faz com que nós tenhamos uma grande emoção em falar com você. Agora, você ficou famoso na mitologia carioca, na lenda do Rio, porque você foi um homem que dominou a vida da Lapa, pelo menos esta vida de uma certa margem da sociedade do Rio, e você era famoso por ser o homossexual mais macho que já houve na história do Rio.

Isso é o que diz a história, né?

Sérgio - Mas você é homossexual?

Sempre fui, sou e serei.

Millôr - De onde vem a sua fama de extraordinária masculinidade? Eu sei que foi através de inúmeras brigas. Conte alguma coisa.

Eu comecei em 1928. Deram um tiro em um guarda civil na esquina da rua do Lavradio com a avenida Mem de Sá e mataram, né. Eu estava dentro do botequinzinho e disseram que fui eu. Então fui preso. Eu tinha 28 anos. Aí eu fui para o Depósito de Presos e daí para a Penitenciária e fui condenado a 26 anos. Na penitenciária, não. Na Casa de Correção.


Millôr - Segundo você, injustamente.

Injustamente.

Sérgio - Mas você não deu o tiro no guarda?

Não, o revólver é que disparou na minha mão. Casualmente.

Sérgio - Foi a bala que matou?

Não, a bala fez o buraco. Quem matou foi Deus.

Sérgio - Balas que saíram do seu revólver mataram quantos?

Bala que saiu do meu revólver só matou esse porque os outros era a polícia que matava e dizia que era eu.

Sérgio - Mas você usava muito era a navalha, né?

Às vezes, não era sempre não.

Chico - Eu ouvi dizer que você matou um com um soco.

Não, eu fui acusado de ter matado o falecido compositor Geraldo Pereira com um soco. Mas o caso foi o seguinte: eu entrei no Capela e estava sentado tomando um chope. Ele chegou com uma amante dele (ainda vive essa mulher), pediu dois chopes e sentou ao meu lado. Aí tomou uns goles do chope dele e cismou que eu tinha que tomar o chope dele e ele tinha que tomar o meu. Ele pegou o meu copo e eu disse pra ele: olha, esse copo é meu. Aí ele achou que aquele copo era dele e não era o meu. Então eu peguei meu copo e levei para a minha mesa. Aí ele levantou e chamou pra briga. Disse uma porção de desaforos, uma porção de palavras obscenas, eu não sei nem dizer essas coisas. Aí eu perdi a paciência, dei um soco nele, ele caiu com a cabeça no meio-fio e morreu. Mas ele morreu por desleixo do médico, porque foi para a assistência vivo.

Sérgio - Teve uma vez que você deu uma navalhada na traseira de um sargento. Como é que foi essa história?

Eu não dei navalhada na traseira do sargento não. Eu estava sentado ali no Canaã e entrou um sargento do Exército e me deu seis tiros. Não me conhecia, não sabia quem era eu, eu nunca tinha visto ele, não avisou nem nada, de uma mesa pra outra. Quando ele acabou de dar o último tiro guardou a Mauser e saiu pela porta afora. Eu olhei prum lado e olhei pro outro, não vi sangue e falei: bem, então eu estou vivo. E saí correndo atrás dele. Quando estava subindo ali a rua Taylor, parece que ele passou por uma cerca de arame farpado, sei lá, e se rasgou todo. Eu sei que ele levou quarenta e poucos pontos.

Millôr - Você ainda briga hoje, ainda tem energia?

Brigar eu não brigo porque eu nunca briguei, mas na minha casa a gente come o que Deus dá e o que faltar Nossa Senhora inteira.



Chico - Satã, você respondeu a quantos processos?

Eu tenho 29 processos, sendo 19 absolvições e 10 condenações.

Chico - E quantos homicídios?

Três.



Chico - E agressões?

Ah, meu filho, somente nove.

Millôr - Em quantas brigas você calcula que tenha entrado?

Ah, que eu não fui preso, deve ter umas três mil. Eu gostava da briga. Eu nunca briguei com paisano na minha vida. Essa mania da polícia chegar, bater e começar a fazer covardia, eu levantava e pedia a eles pra não fazer isso. Afinal de contas, se o sujeito estiver errado, eles prendam, botem na cadeia, processem, tá certo. Agora, bater no meio da rua fica ridiculo. Afinal nós somos seres humanos. Eles achavam que eu estava conspirando contra eles, então já viu, né.

Millôr - Quer dizer que você tinha raiva da opressão policial.

Sempre tive e morro com ela.

Sérgio - Satã, me diga uma coisa: essa história de que você pegava garoto à força é verdadeira?

É coisa que eu nunca fiz na minha vida, porque era coisa que não precisava fazer. O senhor deve entender, o senhor que é da vida moderna, sabe muito bem que isso é uma coisa que não se precisa pegar ninguém à força.



Sérgio - Eu sempre ouvi falar, desde garotinho, quando eu ia passear na Lapa e falavam comigo: cuidado que o Madame Satã vai te pegar.

Conversa fiada, eu não era tão tarado assim.

Millôr - A Lapa foi durante muito tempo um centro de boemia. Você conheceu gente famosa, além dos marginais?

Fui amicíssimo do Chico Alves, fiz muitas serenatas com ele, Noel Rosa, Orlando Silva, Vicente Celestino.



Chico - Quem é que te deu esse apelido de Madame Satã?

Esse apelido de Madame Satã ganhei em 1938, no Bloco Caçador de Veados, depois passou para Caçador da Floresta e morreu com esse nome. Depois nasceu como Turunas de Monte Alegre.

Sérgio - Mas você era caçado ou caçador?

Eu era caçador.

Chico - Mas conta a história do apelido.

Bem, havia o baile de carnaval e o concurso. Então eu me exibi com a fantasia de Madame Satã no Teatro da República e ganhei o primeiro lugar. Ganhei um tapete de mesa e um rádio Emerson, feito um balezinho, ele abria do lado, assim, feito uma portinha. O último ano que eu desfilei foi em 1941. Eu estava preso, mas anulei um processo e vim passar o carnaval na rua. Desfilei com a Dama de Vermelho.



Sérgio - O que que você acha do Clóvis Bornay?

Eu vou te explicar uma coisa: eu não tenho o que dizer dessas bichas velhas, não.



Chico - Ainda agora nós estávamos conversando sobre Osvaldo Nunes. É verdade que ele briga bem?

Eu conheci o Osvaldo Nunes, mas ele não era cantor ainda. Mas eu não acho que ele brigue bem, não. De quando em quando eu fico sabendo dos escândalos que eles fazem por aí. Eu acho que do jeito que eles brigam não é briga, é escândalo.



Millôr - O Osvaldo Nunes declara publicamente que o homossexualismo dele veio através da prisão. Ele teria sido preso e foi violentado.

Conversa fiada, é mentira. É mentira porque na cadeia ninguém faz isso no peito.Tirei 27 anos e oito meses de cadeia e nunca vi ninguém fazer isso no peito. Fazem por livre e espontânea vontade porque querem fazer. Quando eu fui para a cadeia já era pederasta, já era viciado, nunca fiz isso no peito.



Millôr - Peraí, você está chamando isso de viciado? Eu não chamo de viciado não. Você está dando outro nome.

Eu não desdigo o que digo, mas para uma parte é.

Jaguar - Nesse negócio de prisão, o Lucena tá me falando aí, que todo criminoso primário tem que entrar em pua. É verdade isso?

Isso é conversa fiada.

Chico - E a história do xerife? O garoto novo entra na cela e o xerife, ó.

Houve a história do xerife.

Paulo Garcez – O Paulo Francis foi o nosso xerife.

Mesmo no tempo do xerife só se viciava quem queria. O sujeito chegava lá, filho de papai e mamãe, tinha o olho grande, apanhava o cigarro do chefe do alojamento, comia a comida do chefe do alojamento porque queria comer uma comidinha melhor, queria dormir na manta do chefe do alojamento, queria tomar banho com o sabão do chefe do alojamento, ora ...

Millôr - Alguma vez você já foi violentamente apaixonado? Você já foi casado no sentido homossexual?

Não, eu nunca fui dessas coisas não, esse negócio de amiguinho, casamento. Nunca fui porque sempre achei feio, achava ridículo. Esse negócio de andar apaixonado, de fazer escândalo no meio da rua, isso é pouca vergonha.



Millôr - E com mulher, você é casado?

Sou casado. Tenho seis filhos de criação.

Chico - Esse seu passado não influiu na sua relação com a sua mulher? Como é que ela encara o seu passado?

Se ela não quiser encarar, ela que se suicide. O que é que eu tenho com isso? Quando ela me conheceu já sabia minha vida, casou comigo porque quis casar.

Millôr - Você casou com que idade?

Casei com 34 anos.

Millôr - E está com a mesma mulher até hoje?



A mesma mulher.

Sérgio - Você disse que foi amigo do Francisco Alves. O que você achava dele?

O Chico Alves pra mim foi uma grande pessoa, não só como cantor, mas também como companheiro de farra e como amigo.

Sérgio - E Noel Rosa, era bom sujeito?

Noel Rosa já desceu de Vila Isabel como um bom sujeito, pelo menos como cantor e como companheiro.

Jaguar - Você conheceu a Araci de Almeida?

Araci de Almeida eu conheci menina, ainda, quando ela começou a gravar as músicas de Noel Rosa. Pra mim foi uma grande amiga e uma grande companheira. Era o meu tipo, o tipo assim que quando se queimava já viu, né.



Millôr - Nessas suas prisões qual foi o criminoso mais bárbaro que você conheceu?

O criminoso mais bárbaro que eu conheci na cadeia foi o falecido Feliciano.



Sérgio - O que é que ele fez?

Me parece que o crime dele foi em 1945 ou 1946. Ele tinha matado o sogro e botado fogo. Na cadeia, quase todo o ano ele matava dois. O último que ele matou foi o Gregório.

Millôr - Ah, ele é o tal que matou o Gregório. E você conheceu o Gregório?

Eu conhecia o Gregório desde o tempo de São Borja.



Sérgio - E o que você foi fazer lá?

Eu era muito amigo da família Mostardero, do Rio Grande do Sul, o capitão Manoel Mostardero, que veio ser diretor da penitenciária várias vezes, e eu ia sempre lá passear. O Gregório era cocheiro do pai do falecido Getúlio.



Millôr - E você foi amigo do Gregório (chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas)?

Amicíssimo, ele morreu nos meus braços. Eu estava a uns 15 metros quando ele levou a facada.

Millôr - Você quer contar a história?

O que eu sei é a legítima história, a verdadeira. Isso eu sei porque na época eu estava sumariando, porque tinha muito processo, e muitas vezes eu desci da Colônia para a penitenciária e trouxe muito bilhete do Feliciano para o Gregório e levei muita roupa e muito dinheiro para o Feliciano na Colônia. Mas a história é a seguinte: entrou em cana um rapazinho lá de São Borja, muito amigo do Gregório. Trabalhava na rouparia com o falecido Gregório, mas um dia o rapa­zinho brigou no pátio e foi para a Colônia, de castigo. O Feliciano, nesse tempo, era chefe do alojamento 2 na Colônia Penal Cândido Mendes, onde eu estava. Como Gregório era muito amigo do diretor, trouxe o rapazinho com ele na lavan­deria, mas depois o garoto começou com negócio de maconha e mandaram ele de novo para a Colônia. O Gregório, então, deixou ele lá pela Colônia e mandava sempre um dinheirinho. Cinqüenta, cem contos todo mês. Eu mesmo levei várias vezes. Aí o Gregório escreveu um bilhete pro Feliciano para que ele olhasse o garoto lá, para que ninguém mexesse com o garoto, fizesse sujeira.

Millôr - Havia algum interesse homossexual nisso, alguma coisa assim?

Não, não existia nada de pederastia. Era só amizade. Então o Feliciano ficou tomando conta do garoto lá. Mas aí o que é que o Feliciano faz? Pegou e vendeu o garoto.



Millôr - O que se chama vender?

Vendeu como escravo, para homossexualismo.

Chico - Mas o garoto era pederasta?

Não era mas foi. Alguém nasce sabendo? Então o rapazinho escreveu para o Gregório, pedindo que mandasse buscar ele porque estava sendo martirizado, porque o Feliciano vendia o garoto uma noite pra um, uma noite pra outro. Aí o Gregório mandou buscar o rapaz e ele quando chegou contou tudo ao Gregório. O Gregório pegou e disse: "É né, então eu vou cortar a mesada daquele nego safado porque ele não pode fazer isso".Aí o Feliciano lá na colônia arranjou com o diretor, que era um diretor muito bom, o doutor Carlos, pra descer. Aí ele veio e se virou para o Gregório e disse: "Olha, de hoje em diante você vai passar a me mandar 150 contos porque senão eu vou te arrancar o pescoço". O Gregório era um negro que não era covarde, não acreditou. Um ano depois, Feliciano desceu, foi direto à rouparia procurar o Gregório e disse que o Gregório tinha que indenizar ele naquele um milhão e pouco. O Gregório disse que não dava e contou o caso para o chefe de disciplina, o Souza. O Souza, então, falou que ia mandar o Feliciano de volta para a Colônia. Na noite de segunda-feira, saiu no boletim o nome do Feliciano na lista do pessoal que ia para a Colônia. O Feliciano procurou o Gregório e disse: "Olha, você vai me mandar para a Colônia, mas se eu fosse você eu ia falar com o diretor para me tirar da lista senão você vai se dar mal. Vou te matar, nego". E o Gregório: "Tu é de matar ninguém, nego, tu é de matar nada." De fato, cara a cara, ele não era páreo para o Gregório. No dia seguinte bem cedo o Feliciano foi embora para a Colônia, mas quando chegou em Mangaratiba deu azar que a lancha não foi buscar os presos e o tintureiro voltou com eles. Chegaram às 11 horas da manhã. Aí o Feliciano saltou, passou na SD, a seção de controle, e foi embora para a lavanderia da penitenciária. Daí a meia hora, na hora do recreio, estava todo mundo no pátio e Gregório estava sentado bem na beirinha do banco, perto da cantina. Aí o Feliciano veio de lá, com a faca na mão esquerda, e conforme ele passou jogou a faca no coração do Gregório. Entrou mais ou menos dez centímetros, na segunda costela. O Gregório pulou, mas não agüentou mais e caiu. Pegamos ele depressa, mas quando chegamos no hospital, a uns cinqüenta metros depois, ele já estava morto.

Sérgio - Que fim levou o Feliciano?



Levou 67 facadas na Colônia Agrícola, na Ilha Grande.

Chico - Apesar dessa sua resignação em ficar preso, você nunca tentou fugir ou teve vontade de fugir?

Fiz uma fugazinha, mas foi de brincadeira. Foi em 1943, fugi de Laurindo Bita, ali na Boca da Barra. Fugimos eu e o Americano, um preto. Até no jornal saiu assim: "Mais um plano espetacular de Madame Satã; um bailado oriental e um mergulho nas águas escuras de Copacabana."



Sérgio - Mas como é que foi essa fuga?

Eu estava na Casa de Correção, então tinha embarque para a Colônia. Já de lá mesmo começou. Primeiro suicidou-se um, para não ir para a Colônia. Se jogou do terceiro andar. Quer me dar um cigarro, por favor?

Millôr - Quando você nos disse a sua idade todos nós caímos para trás. Me parece que você nunca teve nenhuma doença. Você pretende emplacar cem, fácil?

Eu morro com 84 anos.

Millôr - Sua mãe tem 103 anos, né?

É, 103 anos e viúva quatro vezes.



Millôr - Você tem consciência que é do estofo de homem como você que se fazem líderes. Você se transformou em um marginal. Se você fosse alfabetizado você seria um lider.

Eu vou lhe explicar uma coisa: Deus dá o frio conforme a roupa. Se eu fosse um intelectual, é assim que se fala? Eu não sei dizer essas coisas. Deus disse: faz por onde que eu te ajudo. Mas Deus não me ajudou porque ele sabe que se me ajudasse eu vendia o mundo com o dinheiro dele.



Millôr - De que cidade você é?

Eu sou da terra em que se dá cem cruzeiros por cabresto e não se dá dez por um cavalo. Sou de Glória do Goitá; perto de Governador de Barros.



Chico - Tem uma história que contam, que você não gostava de um delegado e um dia invadiu a Delegacia, pegou o delegado de pau. Como é que foi essa história?

Foi o Frota Aguiar.

Sérgio - Frota Aguiar, que é o presidente do IPEG hoje?

Por mim ele pode ser até presidente da República. Ele vivia me perseguindo. Um dia eu telefonei para ele e disse que era mentira. Ele disse que não era, que ia me dar um pau e me mandar pra cadeia. Então, eu disse pra ele: bem, eu vou falar com o senhor, já sabe que eu vou quebrar a sua cara. Aí eu fui.

Sérgio - E como é que foi?

Quebrei a cara dele e me deram uma surra que quase que me mataram, mas quebrei a cara dele. Ele ia me bater na minha casa, eu já estava lá, lá mesmo apanhava.



Sérgio - Está me chamando atenção uma coisa: você não sabia capoeira, nenhuma luta especial e no entanto você brigava contra rádio-patrulhas?

Eu não brigava, eu me defendia.

Sérgio - Mas você se defendia contra vários e no entanto você não é nenhum atleta. Você tem que altura?

Eu devo ter 1 ,85m, mais ou menos.

Sérgio - E quanto que você pesa?

Agora eu devo estar pesando 73 quilos.

Sérgio - Pois é, você não é um físico privilegiado.

Naquela época eu pesava 88,89.

Millôr - Você acha que você tem o corpo fechado?

Bom, eu não tenho corpo aberto. Se eu tivesse corpo aberto eu estava fedendo. Fechado eu tenho que ter.

Millôr - Por que você se fixou na idade de 84 anos?

Pode anotar aí. Se o senhor não estiver vivo, talvez seus filhos estejam. Deixe gravado aí porque eu vou morrer com 84 anos.

Millôr - Você disse que é analfabeto. Mas eu queria saber qual é o tipo de informação que você tem a respeito das coisas. Você está sempre a par da política nacional? Você sabe, por exemplo, quem é o presidente da República? Quem é Aristóteles Onassis, casado com a Jacqueline Kennedy?

Eu sei que ele é a primeira fortuna dos Estados Unidos.Agora, o que ele é eu não sei.



Millôr - Charles de Gaulle, você sabe quem é?

Foi durante muitos anos o primeiro-ministro da França, não é?



Millôr - Você sabe o que é um avião supersônico?



Eu não sei explicar muito bem, não.

Millôr - Eu acho que ninguém aqui sabe.

Jaguar - Quando Nelson Cavaquinho foi da polícia, ele nunca te prendeu, não?

Nunca. Nelson Cavaquinho é muito meu amigo, sempre foi.

Jaguar - Mas ele não era civil.

Mas era muito meu amigo.

Millôr - Pra você saber como você é um homem glorioso na história do Rio de Janeiro, eu já escrevi um show musical em que tinha um quadro em que você entrava. Você brigava na Lapa com uma rádio-patrulha inteira, eles não tinham maneira de prender você. De repente eles empurram você em cima de um carrinho-de-mão, te amarram e saem no pau com você no carrinho-de-mão amarrado. Isso nunca aconteceu, não?

Aconteceu quase igual. Antes de vir a Viúva Alegre eu saí muitas vezes num carrinho-de-mão amarrado.



Millôr - Que coisa impressionante! Eu não sabia disso.

Fortuna - O que era a Viúva Alegre e por que tinha esse nome?

A Viúva Alegre era um carro de polícia assim como esses jipes, mas não era bacana assim. Era um tipo de viúva bem mixa. Era um tipo de jipe com grade em volta era pintado de preto. Depois é que veio o tintureiro.



Millôr - E os seus filhos e a sua mulher?

Eu tenho uma filha que é professora de acordeão e funcionária pública do Ministério da Justiça.Tenho outro que mora em Nova Iguaçu e é delega­do de Polícia.



Millôr - Delegado?

É. Tenho outro que é soldado da polícia e tem uma que mora em Belém do Pará.

Chico - São filhos de criação, não é?

São.

Millôr - Você não ganha ordenado?

Não, eu tenho ordenado. Eu crio galinha, crio pato, dou peixadas, cozinho em festas de casamento, faço tudo.



Millôr - Você não cobra um preço por isso?

Eu cobro, mas não é todo dia que se encontra um casamento, né?



Sérgio - Se alguém quiser utilizar os seus serviços o que faz? Se uma família quiser que você faça uma peixada, como é que faz?

É só escrever: Ilha Grande, Vila Abraão, Madame Satã.

Millôr - Apesar de toda luta que você teve na vida, se você tiver que dizer alguma coisa sobre a sua vida você vai dizer que você foi um homem feliz?

Eu fui sempre um homem muito feliz porque, graças a Deus, eu fui sempre um sujeito de muita saúde.

Francis - Talvez você não conheça a pessoa, mas é um grande elogio. Você é muito mais autêntico e muito mais sofisticado do que Jean Genet. Você conheceu um homem chamado Fra de Ávalo?

Não.

Sérgio - E Manuel Bandeira?

Manuel Bandeira?

Sérgio - Morava no beco.



No Beco das Carmelitas?

Sérgio - É

Não, assim de nome, não.

Sérgio - E Carlos Lacerda?

O governador Carlos Lacerda? Eu conheci muito o falecido pai dele, conheci menino ainda. O Carlos passeava sempre na Lapa quando era rapazinho.



Millôr - Odilo Costa Filho?

Não, eu conheci um Odilo que hoje é major da polícia.

Millôr - Mário de Andrade?

O Mário de Andrade que eu conheci era bicheiro.

Millôr - Você conheceu algum jornalista, intelectual, escritor, daquele tempo?

O jornalista que eu conheci lá foi o falecido Mário dos Santos e um tal de Macedo.

Chico - Satã, você respondeu os seus processos sob vários nomes. Quantos nomes você tem?

Acho que uns cinco só. Gilvan Vasconcelos Dutra, Satã Etambatajá.

Millôr - É francês?

Etambatajá não é francês não, é indígena. Tem ainda Gilvan da Silva e Pedro Filismino. Quando um nome tava muito cheio de processo eu dava outro.



Millôr - Você conheceu um cara famosíssimo na vida marginal, o Meneghetti?

O Meneghetti não era marginal, era ladrão de jóias. Eu tirei cana dura com ele em São Paulo. Ainda até pouco tempo ele estava recolhendo dinheiro para pagar a passagem dele para a Itália. Ele podia dar um curso de ladroagem, foi um dos maiores ladrões de jóias. Ele e o Alexandre Lacombe.

Millôr - Você ouviu falar no Febrônio?

Índio Febrônio do Brasil

Sérgio - Como é que é? Febrônio Índio do Brasil?

Não, Índio Febrônio do Brasil.

Millôr - Peraí, vamos esclarecer. Ele pegou garotos, esses troços?

Quando ele praticou aqueles crimes ele morava na avenida Gomes Freire, 115. Ele era dentista. Eu me dava muito bem com ele.



Millôr - Qual foi o crime dele?

Parece que ele matou uns dez ou 12 garotos. Ele matava, enterrava, depois ficava comendo até apodrecer. Quando apodrecia, ele matava outro. Foi para o Manicômio Judiciário.



Francis - Você conheceu um rapaz, eu não sei o nome dele todo, mas eu jogava sinuca muito com ele, malandro muito perigoso. Eu só me lembro do primeiro nome dele: Pedrinho. Sei que ele pegou uma cana feroz.

O Pedrinho do Catete, eu me dava muito com ele.

Francis - Onde é que ele está, hein?

Eu não sei porque a última cadeia que ele tirou foi na Colônia Penal Cândido Mendes. Depois que ele saiu nunca mais eu vi.



Francis - Ele quis ser meu guarda-costas, uma vez.

Sérgio - E aqueles malandros famosos na Lapa, o Edgar, o Meia-Noite?

O Meia-noite não era propriamente valente. Valente era o fantoche dele, o falecido Tinguá.



Sérgio - O Meia-Noite era bicha?

O Meia-Noite era caso do falecido Tinguá, sempre foi. O Edgarzinho foi um farol que acendeu e apagou logo em seguida. Agora, quem durou mais um pouco foi o Miguelzinho. O Edgar morreu com 26 anos. Fez o primeiro crime ali na rua do Riachuelo, matou o dono do botequim. Foi absolvido porque era menor e logo em seguida fez o segundo crime na rua do Santana. Matou o dono do botequim e o garçom.

Sérgio - E desses compositores: Wilson Batista, Ismael Silva e tal, você conheceu?

Wilson Batista eu tive uma briga com ele muito grande quando ele desceu lá do morro com aquela disputa com Noel Rosa. Foi outra briga que eu tive. Foi ali na Galeria Cruzeiro, ele saiu correndo por ali. Foi quando ele tirou aquele samba "Rapaz Folgado", pro Noel.

Sérgio - E o Ismael Silva?

Ismael Silva preto? Ele estava sempre ali na Lapa. Era bom sujeito só que quando bebia muito ficava chato.

Francis - E os cabarés?

Cabarés tinham muitos. Tinha o da Anita Gagliano, o Cu da Mãe. Sabe ali na esquina onde tem o Metro? Tinha o Bar-Cabaré Cu da Mãe, de Anita Gagliano.



Chico - Mas esse nome era escrito?

Era escrito. Tinha uma placa luminosa grande.

Sérgio - Daria pra você dar a receita de um prato que você goste de jazer?

Eu gosto de fazer uma peixada de coco, um peixe com banana. O peixe ao leite de coco é assim: o peixe é cavala, é anchova, badejo, robalo, que na minha terra chama-se camurim.

Jaguar - Pra jazer um prato pra seis pessoas, por exemplo, que quantidade de peixe precisa?

Pega-se uns dois quilos de badejo, por exemplo, que não seja a parte com cabeça porque a cabeça do peixe é uma das partes principais para o tempero do peixe. Então, se pega: cheiro, cebolinha, hortelã, tudo bem picadinho. Depois se pega o peixe, bota numa panela, coloca-se um pouco de vinagre, o tempero completo, cebola, alho, sal e se deixa uma meia hora no aviandalho. Depois se bota ele no fogo com um pouco de azeite e coloca um pouco de água mais ou menos cobrindo o peixe. Aí se bota massa de tomate ou tomate. Se quiser branco não se põe tomate. Quando ele está fervendo, que se nota bem que o peixe está cozido, se escorre aquela água. Com aquela água se faz o pirão. Se faz o pirão e se mexe com azeite português, um azeite bom. Depois se deita o peixe no prato, deixa o prato colocado ali perto do fogo e se faz novo tempero. Quando aquele novo tempero estiver fervendo, então se coloca o leite de coco. De preferência o coco raspado e não ralado.

Jaguar - No liquidificador?

É isso mesmo. Eu não entendo bem essas coisas, essa linguagem assim é dificil de eu dizer. Então, a gente pega uma colher e se raspa o coco. É assim que eu faço, dá muito bem pra se raspar. Depois se põe um pouquinho d'água fervendo naquele coco e machuca ele bem com as mãos, bem amassadinho. Depois se escorre aquele copo de leite e se coloca em cima do peixe. Logo que abrir a fervura, se tira e se coloca o tempero em cima e abafa. Está pronto o peixe ao leite de coco.

Jaguar - E faz um arrozinho pra acompanhar, não é?

Ah, faz um arrozinho. Agora, se quiser fazer o arroz com leite de coco também pode. De preferência nunca se deve fazer o arroz branco. Eu, pelo menos, não gosto de arroz branco e considero comida de hospital. Eu gosto de um arrozinho corado, mas não tão vermelho.



Sérgio - Qual foi pra você o maior malandro do Rio de Janeiro?

O maior malandro do Rio de Janeiro que eu conheci de 1907 até a época de hoje foi o que me ensinou a ser malandro e me conheceu com 9 anos de idade, foi o falecido Sete Coroas, que morreu em 1923. Quando ele morreu já me deixou como substituto dele, na Saúde e na Lapa.

Garcez - E o Brancura?

O Brancura nunca foi malandro em negócio de briga. O negócio dele era cafetizar escrava branca.

Garcez - E o Baiaco?

O negócio dele também era escrava branca. Quando ele estava no auge dele, teve dez mulheres.

Garcez - O Sete Coroas vivia de quê?

Ele chegou da Bahia em 1928 no Rio de Janeiro. Veio viver aqui na Lapa, na Ladeira de Santa Teresa, encostado nos Arcos. Depois ele mudou para Saúde e vivia do nome, porque ele barbarizou muito na Bahia e já veio pra aqui com o nome grande. Aqui ele ajuntou-se com a falecida Catita do 34, na Joaquim Silva, e criou nome.



Fortuna - O que você vai comer?

Eu quero um bife mal passado com cebola crua e uma Caracu. Sempre foi a minha comida durante quarenta anos de malandragem. Uma vez eu tomei um porre de Caracu, foi o maior porre que eu tomei na minha vida. Tomei uma caixa de Caracu de manhã cedinho e depois não chamava nem cachorro. Se vocês quiserem vocês podem dar o prazer de almoçar na minha casa. Na minha casa não, porque pobre não tem casa. Na minha maloca. Eu vou fazer um pato ao molho pardo pra vocês lá na Ilha Grande.



Jaguar - É uma boa dica.

O Nelson Pereira dos Santos me levou num tal de Saracura, um restaurante ali no posto 4, que tem comida do Norte, eu comi um pato no tucupi que pelo amor de Deus. De pato só tem o nome e de tucupi só tinha água.



Chega na nossa mesa o Lido, da Lapa, que vende bilhetes de loterias há cinqüenta anos, na Lapa. Começou vendendo na porta do Capela. Conhece muito o Satã, que pergunta qual era o apelido da Araci de Almeida.

Lido - Bituca.

Satã reclama da comida e chama o garçom.

Vem cá, eu pedi um bife, não um pedaço de sola. Você sabe que eu sou freguês do Capela há mais de quarenta anos.

O garçom leva o bife dele e traz outro.

Agora sim, é um bife.

Chico - Você conheceu ou viu o Getúlio?

Vi, falei, conheci por causa da amizade que eu tinha com o Gregório.

Chico - E o que você diz dele?

Para mim o Getúlio Vargas foi um dos homens que mais favoreceram a classe pobre do Brasil e que mais aniquilou o país.



Garcez - Você conheceu o Prestes nessa época de cadeia?

General Luís Carlos Prestes? Eu tirei cadeia com ele na Casa de Correção. Ele, Elias Toras e doutor Belmiro Valverde. O Prestes foi um grande companheiro e as regalias dele eram as mesmas que as minhas. O direito que ele tinha eu tinha.

Jaguar - Quais outros presos políticos que estiveram em sua companhia?

No meu tempo teve esse menino, o Agildo Barata, um engenheiro não sei o que Pinto, o Graciliano Ramos.

Jaguar - Diz alguma coisa sobre o Graciliano Ramos.

Isso é meio difícil, porque ele era preso político e eu era preso comum.

Jaguar - Eles eram bem tratados?

Os presos políticos do Brasil, na época de Getúlio Vargas, sempre foram bem tratados e muito bem acolhidos.



Fortuna - Bem acolhidos não há a menor dúvida.

Millôr - Você conheceu o Manso de Paiva, que assassinou o Pinheiro Machado?

Conheci na Casa de Correção. Foi um bom detento, nunca deu alteração. Ele tirou 19 anos de cadeia dentro da cela número 2 da Casa de Correção.

Jaguar - Era manso, mesmo.

Fortuna - Qual é a sua concepção da Lapa de hoje?

Olha, enquanto eu for vivo a Lapa não morrerá.

matéria enviada por Raquel Rennó.
fonte: http://www.tirodeletra.com.br/entrevistas/MadameSata.htm

5 de out. de 2011

Chamada de trabalhos

Tema: História Cultural e Semiótica da Cultura
Datas: 16, 17 e 18 de novembro
Organizado pelo Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem, do programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica e o Núcleo de Estudos de História Social da Cidade (NEHSC), do programa de pós-graduação em História, ambos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o evento se propõe a oferecer um espaço de debate e discussão a objetos que transitam no olhar investigativo centrados na História Cultural e Semiótica da Cultura.
Em 2008, foi dado o pontapé inicial desta parceria. Proposta a temática, "Cidade, Barroco e Mestiçagem" pesquisadores de ambos os grupos e áreas afins participaram do evento que marcou concomitantemente o lançamento da Revista Eletrônica de História Social da Cidade – Cordis. No ano seguinte, a problemática urbana e suas implicações agravadas, transformadas ou apenas parcialmente alteradas em sua constituição objetiva e simbólica tornou-se o eixo de discussão do encontro, sob o título de "Séries Urbanas: conflito e memória".
Em 2011, em sua terceira edição, com a finalidade de permitir a troca de conhecimento e a disseminação do que vinha sendo estudado no campo da Comunicação e da História, decidiu-se concentrar-se em um eixo comum que permeia tais áreas: "História Cultural e Semiótica da Cultura".
01. CHAMADA DE TRABALHOS
As propostas, contemplando a articulação entre os campos da semiótica da cultura e história cultural, podem ser enviadas aos Grupos de Trabalho abaixo relacionados, inicialmente no formato de resumo expandido. Aos autores dos resumos aprovados será solicitada a entrega do artigo completo para inclusão na revista eletrônica Algazarra, do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem, de acordo com o cronograma apresentado a seguir. Serão aceitos textos redigidos em português, inglês ou espanhol. O envio do resumo expandido é válido como inscrição.
Os resumos expandidos, relacionados à temática do evento e, em especial, aos objetivos e questões de cada Grupo de Trabalho, devem conter o mínimo de 700 e o máximo de 1000 palavras, a serem submetidos até o dia 17 de outubro de 2011.
02. CRONOGRAMA
Até 17/10/11 (Envio de resumos expandidos, 700 a 1000 palavras).
O arquivo deve ser salvo em modo de compatibilidade e enviados ao endereço eletrônico historiasemiotica@gmail.com, respeitando a seguinte identificação: número do GT, seguido do sobrenome do(s) autor(es).
Exemplo: (GT 02_MORALES.doc).
Dia 01/11/11 - Divulgação do resultado da seleção dos resumos expandidos.
Envio das templates para formatação do artigo.
Dias 16, 17 e 18/11 – Evento
Dia 01/12 - Entrega dos artigos completos para o e-mail historiasemiotica@gmail.com para a publicação na revista eletrônica Algazarra, do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem.
IMPORTANTE: a entrega do artigo completo, de acordo com o formato do template (disponível a partir da divulgação do resultado da seleção dos resumos), dentro do prazo estipulado no cronograma, é obrigatória para a inclusão do(s) autor (es) na revista eletrônica. É importante ressaltar que a revisão está – exclusivamente – a cargo do(s) autor (es). O corpo editorial da revista eletrônica guarda-se o direito de, eventualmente, excluir aqueles em desacordo com o resumo ou apresentação.
03. FORMATO DO RESUMO EXPANDIDO:
- Enviado em arquivo Word for Windows (modo de compatibilidade);
- Título do artigo em Caixa Alta e Negrito, fonte Times New Roman, corpo 12 e espaço simples entre linhas;
- Nome do autor, vinculação institucional e formação acadêmica;
- E-mail de contato, endereço completo de correspondência e telefone;
- Texto do resumo em Times New Roman, corpo 12 e espaço 1,5 entre linhas.
Estrutura sugerida: Introdução/ Objetivos e justificativas/ Fundamentação teórica e procedimentos metodológicos/ Principais resultados obtidos e/ou esperados.
04. GRUPOS DE TRABALHO
A submissão dos trabalhos convocados está compreendida na abordagem de três grupos de trabalho. São eles:
GT01 – Cultura, Cidade e Imaginários,
GT-02 – Cultura, Mestiçagem e Ambientes Midiáticos
GT03 – Cultura, Práticas Narrativas e História.
O objetivo desta proposta não é normatizar uma temática, estancá-la na adequação das pesquisas. Pelo contrário, trata-se aqui de considerar o enfoque dos GTs como fio condutor a fim de direcionar os recortes e a escolha dos processos investigativos para otimizar a exposição das pesquisas. Para tanto, segue as ementas dos Grupos de Trabalho:
 GT 01: CULTURA, CIDADE E IMAGINÁRIOS
Ementa: Este GT apresenta pesquisas que se relacionam com o universo das culturas e imaginários das cidades. Entende-se cultura como uma categoria móvel, que se reconstrói e transforma no cotidiano, possibilitando o desenvolvimento de conurbações dentro de uma mesma cidade e de inúmeros imaginários individuais e coletivos.
 GT 02: CULTURA, MESTIÇAGEM E AMBIENTES MIDIÁTICOS
Ementa: Este GT acolhe produções que revelem conexões mestiças de regiões, territórios, locais ou localidades com ambientes midiáticos. Tais ambientes são o lugar de mediação entre as mestiçagens culturais e as mídias. Trata-se aqui de observar o lugar tradutório entre as séries culturais (seus códigos e linguagens), os ambientes midiáticos, as diversas mídias e os processos comunicacionais.
 GT 03: CULTURA, PRÁTICAS NARRATIVAS E HISTÓRIA
Ementa: Este GT reúne trabalhos que abordem conceitos sobre as linguagens e suas funções no campo da Comunicação e da História. A literatura tem contribuído para se pensar a comunicação e a história como processo via práticas narrativas. Dessa maneira, o GT propõe-se a apresentar pesquisas, concluídas ou em desenvolvimento, que se utilizam de fontes literárias e de outras formas de expressão para desdobrar reflexões a respeito das práticas culturais.
05. APROVAÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS PARTICIPANTES
O Comitê Científico, relacionado no item 07 deste projeto, se encarregará de verificar a adequação dos resumos expandidos propostos a participação do 3º. Encontro Transdisciplinar de História e Comunicação. Para tanto, pretende se reunir em um coletivo para não só definir a lista de participantes, mas também encaminhar tal divulgação segundo definição do cronograma.
06. PROGRAMAÇÃO
 16/NOV
Local: Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100
13h30 – Abertura
Convidado: Prof. Amálio Pinheiro
Convidada: Profa. Dra. Yvone Dias Avelino
 17/NOV
Local: Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100
9h00 – 12h00 Encontro do GT – Sessão 01
14h00 – 17h00 Encontro do GT GT – Sessão 02
 18/NOV (*) Atenção: neste dia do evento ocorrerá na Sala 100 A.
Local: Prédio Bandeira de Mello/ Sala 100 A
9h00 – 12h00 Encontro do GT – Sessão 03
14h00 – 17h00 Encontro do GT – Sessão 04
07. COMITÊ CIENTÍFICO E EQUIPE TÉCNICA:
Participam: Prof. Dr. Amálio Pinheiro, Profa. Dra. Yvone Dias Avelino, Silvia Regina de Jesus, Jurema Mascarenhas Dias, Laís Lopes, Danielle Gaspar, Orlando Garcia, Mila Goudet, Carlos Danilo Oliveira Lopes e Nataniél Dal Moro.

25 de mar. de 2011

No hay que ser un artista del flamenco para ser flamenco

También en el flamenco lo importante es la actitud, el talante. Existe una manera de ir por la vida que identifica al flamenco.Como señala Donn Pohren en El arte del Flamenco: No hay que ser un artista del flamenco para ser flamenco: flamenco es todo aquél que está emocional y activamente comprometido con esta filosofia(..).
José Luis Salinas Rodríguez 1994
Livro:Jazz, Flamenco, Tango: Las orillas de un ancho río.

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